Resenha - do sexto sentido: o homem e o encantamento do mundo
Boris Cyrulnik é um consagrado neurologista, psiquiatra e psicanalista da atualidade. Baseados na leitura de sua obra “Do sexto sentido” faremos uma análise do segundo capítulo, que trata a temática do meio ambiente e as relações de trocas sensoriais ocorridas nele. Este capítulo está subdividido em três parte que serão desenvolvidas: O indivíduo poroso; Lançadores de sortilégio: animais e humanos; e o medo e a angústia, ou a felicidade de ser possuído. O autor inicia apresentando sua tese: “O indivíduo é um objecto ao mesmo tempo indivisível e poroso (...)” (CYRULNIK, 1999, pg. 92). Segundo ele isso acontece pois o ser vivo possui a capacidade de manter sua essência estável quando submetido a diversas situações e pode deixar-se penetrar por elementos que o constituem como parte do ambiente, estar-em. Nesse contexto identifica-se os organismos mais complexos, que são suficientemente separados e tem a necessidade de estar-com, e os menos complexos, que contentam-se em extrair e utilizar a energia e no final expelir os detritos. Para alguns, a sensação de estar-com é altamente intensa, extremamente importante. Para outros, há como intervir sobre as emoções e representações de um indivíduo, caracterizando o fazer como se. O estar-em, estar-com e fazer como se constituem e descrevem as fases da ontogênese de um bebê. O ser humano é o organismo mais capacitado para exercer a comunicação porosa, podendo ser física, sensorial ou verbal, preenchendo o vazio entre duas pessoas e constituindo a biologia do ligante. No século XVIII, esse ligante era concebido como uma força material, assemelhando-se a uma noção de magnetismo animal, cujo manuseio foi tido como uma prática imoral e perseguido até que se concluiu que esse fenômeno só ocorria na imaginação. O autor explica que o cheiro é o único correspondente à materialidade do fluido animal, que