Resenha do livro o queijo e os vermes.
“...Tudo era um caos, isto é, terra, ar, água e fogo juntos, e de todo aquele volume em movimento se formou uma massa, da mesma forma que o queijo é feito do leite, e do qual urgem os vermes, e esses eram os anjos...” É dessa maneira que o moleiro Domenico explica a origem de tudo o que há, e não se contendo com isso, compartilha essa e mais outras heresias com os outros moradores de sua aldeia, até que é chamado pelo Tribunal do Santo Ofício, para receber sua devida correção.
Apesar de ser um pobre moleiro, Domenico Scandela, vulgo Menochio, era um homem culto, um leitor. Pela sua curiosidade e ousadia não demorou arranjar (comprados ou emprestados) livros proibidos pela Inquisição, como o Fioretto della Bibbia, a Bíblia Vulgar e Viagens de John Mandeville. Essas suas leituras aliadas à sua mente curiosa e à cultura oral camponesa do período, fizeram-no moldar uma origem de criação do universo própria e uma série de reflexões teológicas que iam contra a fé católica. Além de não aceitar Deus como criador de todas as coisas, negava a virgindade de Maria, a divindade de Cristo, a validade dos sacramentos, a imortalidade da alma, a autenticidade dos evangelhos (que segundo ele tinham sido feitos por padres e frades desocupados) e chegou ao ápice das heresias afirmando o panteísmo.
Diante disso suas frases heréticas chegam às autoridades altas do clero e Mencohio é denunciado à Inquisição e chamado a julgamento. Suas idéias, e entre elas sua estranha cosmogonia do queijo, chocaram os padres inquisidores, que nem conseguiam acreditar virem de um homem tão simples. Mas durante o julgamento Menochio parecia arrependido pronto para voltar a abraçar a fé católica que tinha recebido de seus pais, o que não lhe excluiu a