Resenha do livro: educação especial: múltiplas leituras e diferentes significados.
Silva, Shirley e Vizim, Marli (orgs.) 2001. Educação Especial: Múltiplas Leituras e Diferentes Significados. Campinas: Mercado de Letras.
O livro é estruturado da seguinte forma: uma apresentação e oito artigos.
Na apresentação, as autoras – sob o enfoque da educação especial - preocupam-se em mostrar que o termo deficiente, quando empregado genericamente, acaba gerando o que chamaram de “pasteurização” das pessoas. Consequentemente adotam-se práticas únicas para seres sócio-históricos diferentes.
Porém, contrariamente a esta postura, é preciso discutir que a inclusão dos indivíduos com necessidades especiais deve passar pelo processo das múltiplas leituras reveladas nas vivências de cada um.
A situação de exclusão que vivenciam essas pessoas não se restringe à vida escolar, mas agrava-se no cotidiano estendendo-se para a sua vida social.
No primeiro artigo: As linguagens da cidadania, Kruppa procura discutir a resignificação do eu e do outro em um “nós” com direitos iguais. A chamada “cidadania do nós” só se concretiza com o cidadão ativo e criador de um espaço reivindicatório. Partindo-se dessa idéia, deve-se conceber a escola inclusiva, a partir da Declaração de Salamanca. Essa escola (pública) deve ser gerida a partir da conscientização de que a participação da sociedade é fundamental na sua construção sem, contudo, deixar de haver a desobrigação do Estado para a sua manutenção.
Escola e cidadania em uma era de desencanto, escrito por Gentili, é o segundo artigo desse livro. O texto é subdividido em quatro partes. Na primeira, o autor procura mostrar que o desencanto é fruto das frustrações históricas de um pseudo-socialismo que naufragou junto com a ex-União Soviética. Esse desencanto parece contagiar uma juventude que objetiva apenas o consumo e o individualismo. Na segunda parte, Gentili enfatiza que o sistema educacional não está imune a esse desencanto.