resenha do livro anarquistas graças a Deus
A adaptação dos Gattai no Brasil se deu como que uma amálgama: sua mãe, Dona Angelina, não aprendeu o português direito e passou a vida inventando algumas expressões que não faziam sentido nem em uma língua, nem em outra. Gostava de jogo do bicho e interpretava os sonhos dos filhos – cinco no total – para saber em qual bicho jogar. Invariavelmente acertava. Defensora árdua dos animais, aceitava todos que entravam na casa pelo portão que não fechava – inclusive um bode que acabou causando certos problemas com seu apetite infinito.
Seu pai era mecânico e um italiano típico. Um dos causos mais engraçados é quando Zélia conta que seu pai – que era responsável por registrar os filhos no cartório – às vezes, mudava os nomes por conta própria. O nome dos filhos tão bem pensados e definidos pela mãe eram alterados de última hora pelo pai que tinha um lampejo de inspiração e decidia o novo nome. Caso típico: quando o primeiro filho nasceu, a mãe escolheu o nome Elson. Na hora de registrar o filho, o sr. Ernesto decidiu que Elson não era nome de homem o suficiente e mudou para Mário. A mãe odiou, mas já estava feito.
Me diverti com essas histórias porque meu avô fez o mesmo com a minha mãe – que reclama até hoje do nome (algo que entretém muito o resto da família).
A parte mais interessante do livro todo para mim, no entanto, é a história da Colônia Cecília (uma colônia onde foi criada uma sociedade anarquista experimental). Há algum tempo me interesso pelo assunto, mas ainda estou apenas começando a ler mais sobre. Zélia Gattai nos conta a história de seu avô – anarquista fervoroso que ficou