Resenha do Filme : Obrigado por Fumar
“Jordan faz cestas. Manson mata pessoas. Eu falo. Cada um tem seu dom”. É isso que Nick Naylor (Aaron Eckhart) – centro da ação e narrador do filme – faz e faz muito bem.
Porta-voz principal da indústria do tabaco, um lobista que leva como filosofia de vida – e dever – o ato de argumentar.
“Se argumentar corretamente, nunca estará errado.” É isto que Naylor tenta ensinar para seu filho Joel, que passa a trama preocupado com a educação moral do filho e em ser um bom exemplo.
Sua missão é convencer a população de que os males provocados pelo fumo não são tão perigosos assim, deixando de lado os princípios éticos e utilizando a manipulação de informações. Para que o convencimento social aconteça, ele desfruta da mídia: participa de debates de TV, programas de entrevista e ainda faz com que um filme de Hollywood tenha uma cena de pós-sexo propagando o hábito do fumo.
Consegue tudo com os discursos convincentes do ponto de vista que lhe interessa. Argumenta de forma carismática e sempre colocando na mesa o livre arbítrio. Cada um tem o poder de escolha e sabe de si, portanto, quem quiser fumar, que fume, você será sempre o grande responsável. Julgue você o que achar melhor.
Naylor é um astro da arte do convencimento, o que faz com que a sedutora repórter o procure para uma entrevista. Tudo começa em um barzinho e termina na cama, com duas noites de sexo e confissões da parte do lobista. A repórter tenta arruinar sua vida publicando o seu modo de conduzir e pensar no trabalho. “Mesmo porque, alguém tem que pagar a hipoteca”.
Obrigado por fumar diferente do que parecia a primeira vista, não retrata os malefícios do cigarro, e sim o poder da palavra. Jason Reitman dirige a comédia com ar cínico, sarcástico e despretensioso e em nenhum momento coloca em cena o uso do cigarro, o que faz com que fique ainda mais curioso.
É uma crítica social ao encobrimento de verdades que envolvem muito poder, dinheiro, lucros e jogos de interesses.