Resenha do filme - na natureza selvagem
Em Na natureza selvagem, Jon Krakauer, autor de No ar rarefeito, narra uma história real que tem todos os ingredientes de um emocionante romance de ficção. O ponto de partida é clássico do romance policial: o corpo em decomposição de um jovem sem identidade é encontrado num lugar ermo do Alasca. Depois de muitas pesquisas, a polícia descobre que se trata de um rapaz de família rica do Leste que largou tudo para trás e se internou sozinho na natureza selvagem e gelada, acabando por morrer de inanição. Quem era esse garoto? Por que foi para o Alasca? Por que morreu? Ao procurar responder a essas e outras perguntas, Krakauer puxa os fios de uma meada que nos leva ao coração da sociedade americana, seus sonhos, seus conflitos, suas fissuras. Chris McCandless, filho de um ex-engenheiro da NASA, termina seus estudos de graduação com brilhantismo, doa os 24 mil dólares que tinha na poupança, queima sua carteira com o resto do dinheiro, abandona quase todos os seus pertences — inclusive o velho carro que amava — e some na estrada, sem nunca mais dar notícias à família. Até ser encontrado morto, dois anos depois. Krakauer refaz sua trajetória, revelando a América dos que vivem à margem, gente à deriva, pegando carona ou circulando com seus carros velhos, vivendo em acampamentos e cidades fantasmas. Mergulha também no mundo simplório da pequena cidade rural, no âmago do país, onde homens rudes de macacões encardidos bebem e conversam em frases curtas sobre o tempo e a colheita. Compara ainda a vida do jovem com a história de outros aventureiros solitários que tiveram fim trágico e invoca episódios de sua própria história pessoal para tentar entender o que se passava na mente de McCandless quando se internou sozinho na vastidão gelada do Alasca. O resultado é uma narrativa envolvente, dramática, por vezes amarga, em que os sonhos românticos da juventude se transformam em