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Odeio quando alguém me conta o final de um filme ou livro. Não precisa nem ser uma obra que eu tenho interesse em conhecer! Acho uma deslealdade e um desrespeito com o autor, o diretor, todo mundo envolvido na produção… Tanto trabalho para alguém simplesmente reduzir tudo em poucas sentenças de improviso. Quem cria quer, pelo menos, ser prestigiado.
Não é essa minha intenção com esse texto. Não quero contar a história do filme Na Natureza Selvagem, nem descrever o óbvio, presente em quase todas as resenhas… Que o filme é bom, que o diretor é sensível (o famoso Sean Penn), que a história é muito bem escrita (pelo talentoso Jon Krakauer, autor também do livro No Ar Rarafeito), que o elenco é primoroso, que a trilha sonora é fantástica, que a fotografia é sensacional…
Gostaria de explicar porque gosto tanto desse filme… Por que é muito mais que um filme de um livro, é um filme sobre vários livros e as idéias que eles representam.
Não coincidentemente, eu li todos os principais autores citados no filme… Leon Tolstoi, Jack London e Henry Thoreau… Conhecer o trabalho desses pensadores é essencial para entender a história e a mensagem do filme. E que me desculpem os iletrados de plantão, que acham que Internet e Hollywood bastam!
Mas qual mensagem é essa, afinal?
O mais óbvio, que todo mundo percebe imediatamente, é que o personagem é revoltado com o mundo que o cerca, representado por seus pais. Ele não quer fazer parte da sociedade de consumo, busca a essência da vida e a verdade das coisas, escolhe o caminho comum aos espíritos inquietos: a estrada, o movimento, o mundo.
Mas não qualquer estrada. Não se trata de um road movie, mas de um filme outdoor… Vários passos antes na evolução dos caminhos, já que toda estrada um dia já foi uma trilha. Esse é um filme sobre trilhas, no sentido de “caminhos na natureza”. Coincidentemente, minha especialidade!
Leon Tolstoi, Jack London e Henry Thoreau eram espíritos inquietos,