Resenha do artigo as contradições da sociedade punitiva
Neste texto, o autor demonstra que nos últimos trinta anos um dos fenômenos mais marcantes da esfera penal foi justamente o desenvolvimento de uma política penal punitiva, que foi caracterizada por uma volta do discurso conservador e pelo aumento brutal das taxas de encarceramento no país.
Diante deste cenário punitivo que representa o caso britânico, Garland argumenta que o que caracteriza essas políticas penais é, na verdade, uma atitude contraditória dos governos contemporâneos diante dos problemas enfrentados na área de Segurança Pública. A contradição se verifica no momento em que é possível perceber que as agências estatais e seus administradores possuem ações, discursos, percepções e objetivos diferentes a respeito do que deve ser e de como deve funcionar a punição nas sociedades contemporâneas. A partir desta proposta principal, Garland passa a detalhar melhor qual é o seu entendimento do que significa essa Sociedade Punitiva e que tipos de elementos evidenciam o seu caráter contraditório.
O autor inicia este percurso mostrando que a partir do final da década de 1970, na Grã-Bretanha, houve um aumento estrutural nos registros das taxas de criminalidade. Em grande medida, esse aumento foi usado para explicar e para justificar o aumento da demanda punitiva. Porém, em sua análise, essa explicação que relaciona o aumento da punitividade com a percepção mais aguda das altas taxas de criminalidade não é caminho viável para o entendimento da questão punitiva contemporânea.
Segundo Garland, discutir sobre a emergência de uma sociedade punitiva exige uma análise cuidadosa, que não pode prescindir de uma comparação com modelos, ideais e padrões de punitividade dos períodos anteriores. Não se trata apenas de