Resenha de "geografia da fome"
Escrita na década de 40, esta obra permanece bastante atual, tanto quanto Geopolítica da Fome (de 1951), na qual o autor também aborda o mesmo assunto. Josué de Castro aborda a questão da fome de forma detalhada e, poderíamos até mesmo dizer, de forma interdisciplinar, pois não são apenas os aspectos geográficos e históricos que são analisados, como também diversos dados nutricionais nos são apresentados.
No prefácio, o autor demonstra um certo entusiasmo com a industrialização pela qual passava o Brasil, que poderia oferecer novas possibilidades de integração econômica aliada ao aumento da qualidade de vida da população. É interessante em 2012 observarmos tal ponto de vista, já que estamos passando (ou nos é imposta essa ideia) por transformações econômicas no país e melhoras nas condições de vida da população e mesmo assim a questão da fome permanece tão pertinente à nossa realidade. Isso talvez seja devido até mesmo por permanecer o dilema apresentado por Castro na década de 40 ao país, talvez não na mesma proporção, mas ainda presente: a de buscar um desenvolvimento econômico que priorize a indústria e o mercado interno e externo ou então viabilizar medidas políticas e econômicas que busquem um desenvolvimento aliado ao bem-estar social.
O autor afirma que a análise da questão da fome do Brasil serve como ponto de partida e até mesmo ponto referencial para um trabalho mais abrangente, baseado nas possibilidades de análise que são proporcionadas pelas variações geográficas e sociais de um país com território de dimensões continentais. A fome não é um problema isolado e tampouco exclusivo de determinadas regiões do globo. Mesmo assim, é um problema pouco discutido, pois preconceitos morais e os interesses de uma minoria dominante acabam evitando esse debate.
O contraste do desenvolvimento de núcleos econômicos e populacionais em detrimento de grande parte restante do território pode também ser