Resenha de Freud: "o mal-estar na civilização"
Não há uma distinção entre civilização e cultura. Tudo aquilo que difere o homem da vida animal, que o afasta de sua natureza é considerado a civilização. O controle do homem perante a natureza e os regulamentos que regem os relacionamentos humanos são o fatores que englobam a civilização.
Freud expõe um artigo denominado Totem e Tabu, no qual explicita a passagem da natureza à cultura. Inicialmente existiria um pai onipotente, que possui todas as mulheres e de uma vontade arbitrária e absoluta. O pai é assassinado pelos filhos e a partir desse fato é estabelecido um contrato social como forma de garantir que entre os filhos não houvesse algum que assumisse o lugar do pai. A partir desse momento se constituiria uma organização social, dando início à civilização. O tabu do incesto aparece como a primeira lei que fundamenta uma sociedade, haja vista que o incesto é algo anti-social.
A cultura produz um mal-estar nos seres-humanos. Existe um antagonismo entre as exigências da pulsão e as da civilização que não se pode transpor. Portanto, para que a sociedade caminhe bem, o indivíduo é sacrificado, ou seja, para que a sociedade se desenvolva, o homem tem que se abdicar da satisfação pulsional. Assim sendo, a vida sexual do homem, com todas as suas agressividades são rispidamente prejudicadas.
O indivíduo é um oponente da civilização, por haver em todos os homens tendências destrutivas, que ensejam comportamentos anti-sociais e anti-culturais. Presenciamos na civilização um combate contra o homem e sua liberdade, combate este constante, que acaba por substituir o poder do indivíduo pelo poder da comunidade.
Por mais que a sociedade se esforce, sempre existirão alguns que permanecerão anti-sociais, seja por alguma patologia, seja pela pulsão excessiva. A religião conserva a sociedade. Ela é o escudo do homem contra o desamparo infantil que perpetua até a vida adulta. A religião preenche o anseio por um pai poderoso, pai este que oferece