Resenha crítica: o corvo e a filosofia da composição
César Eduardo da Silva Pereira*
O Poema o Corvo, de Edgar Alan Poe, contém 108 versos que retratam um dos temas preferidos do autor, a morte. A morte segundo o próprio autor é um tema instigante, provocativo que prende atenção do leitor. E para instigar ainda mais a mente de seus leitores, ele procura enredar em sua história a morte da pessoa amada.
Então a história se passa em um quarto, que provavelmente era o quarto onde os amantes viviam, ou pelo menos se encontravam (isso fica subtendido). A perda da mulher amada (Lenora ou Leonora) faz com que a personagem principal da história, um homem, sem nome, sem rosto, sem idade definida, que pode ser identificado como um homem culto pelo hábito da leitura, exausto e quase adormecido, à meia noite comece a ouvir ruídos em sua porta, e depois em sua janela.
Quando se dá conta que é um simples pássaro, um corvo, diga-se de passagem, uma ave que traz consigo uma representação de mau agouro, o homem abre a janela e o corvo adentra pelo quarto e se repousa sobre um busto de minerva (Deusa da sabedoria, das artes e da estratégia de guerra em Roma), outro indício da erudição da personagem central. Logo em seguida, o homem inicia um diálogo com o pássaro. Aqui se percebe uma característica das estórias de Edgar Alan Poe, a presença do fantástico.
Todas as questões elaboradas pelo homem recebem a mesma resposta “nevermore” “nunca mais”. Algo que pode ser explicado racionalmente pelo fato de o corvo poder ter sido adestrado a repetir tal palavra, como um papagaio. Já no que se refere às questões, a cada estrofe o homem as elabora com o propósito de que a própria resposta já esperada do corvo, “nevermore” “nunca mais”, o aproxime de sua amada tão distante. Sendo que as perguntas se referem à possibilidade de ambos estarem juntos novamente. Poe sempre busca em suas estórias retratar as mazelas humanas, e no poema “O Corvo”, isso não é diferente. As perguntas que a