Resenha crítica: a revolução dos bichos
Bruna Bertolo
A Revolução dos Bichos, 1º edição (2007), editora Companhia das Letras, livro do escritor George Orwell, é uma fábula baseada na revolução russa de 1917. Critica o totalitarismo soviético, mas seu sentido transcende amplamente o contexto do regime stalinista. Uma análise será feita com base nos seis primeiros capítulos da novela, focando em trechos em que a autoridade e liderança se destacam em algumas personagens. Comenta Machado:
Qualquer semelhança entre o enredo de "Revolução dos Bichos" e os acontecimentos da Revolução Russa e do período Stalinista na União Soviética não são mera coincidência. O autor George Orwell, socialista de carteirinha, era crítico mordaz de Stálin e das falsidades proferidas em favor de um sistema que considerava muito distante do verdadeiro socialismo. Se o leitor associar o velho Major a Lênin, Bola de Neve a Trotsky e Napoleão a Stálin entenderá a referência com perfeição!
No primeiro capítulo, o porco Major é mostrado com as características de um líder sábio e eloquente. Ao falar sobre seu sonho e seu desejo por mudanças, uma rebelião, utiliza-se do vocativo “camaradas” com os outros animais, expressão soviética que representa irmãos de ideais. Ele começa seu discurso, fala sobre os maus tratos que os animais estavam recebendo e com uma boa oratória usa de elementos comoventes à multidão: “Então, camaradas, qual é a natureza desta nossa vida?” (Pág.12). Major declara que a causa do sofrimento deles seria o senhor Jones, o homem como o Estado opressor da massa popular: “O Homem é o nosso verdadeiro e único inimigo. Retire-se da cena o Homem e a causa principal da fome e da sobrecarga de trabalho desaparecerá para sempre.” (Pág.12). A partir daí ele começa a idealizar um novo mundo sem a presença do homem para sugar e se aproveitar de todo o esforço dos animais (como diziam os Comunistas sobre o Estado se aproveitar do proletariado). Na