Resenha crítica sobre crítica genética
Bailarinos: Cia Danças
Partindo da teoria da ‘crítica genética’, área que trata dos registros que um artista faz ao longo do percurso de construção de sua obra, Cláudia de Souza e a Cia. Danças encontraram inspiração para uma reflexão sobre o corpo como um documento que congrega em si uma história genética e cultural.
Crítica Genética é um mergulho nas escolhas, caminhos, atalhos e recuos que constroem o corpo do artista, além de uma reflexão sobre o processo criativo da própria bailarina e do corpo heterogêneo que é a Cia. Danças. Tudo o que está no corpo, suas histórias, suas experiências, suas técnicas e métodos, sejam de origem social, cultural, estética ou dogmática, são fatores que influenciaram o comportamento do ser humano e suas relações. Você não pode assistir a esse espetáculo procurando uma narrativa com começo, meio e fim. É preciso estar aberto para viver uma experiência sensorial, proporcionada por corpos que se movimentam e interagem com o cenário e o público.
Tudo começa de uma forma bem inusitada. Os bailarinos estão enfileirados horizontalmente, um ao lado do outro, segurando bolsas de praia e vestidos de maneira muito simples. Ao toque da primeira canção, estes de aproximam da platéia e... começam a rir do público. Sim, riem olhando para cada um de nós da platéia. Mas, não é um riso zombeteiro ou sarcástico. Mais parece uma conclusão antecipada de tudo o que será vivenciada a partir daquele momento. Ou seja, é como se os mesmos estivessem dizendo: “Vamos dividir com vocês um espetáculo que surgiu de experiências e estudos inovadores, que nos proporcionaram sensações mistas, mas nos renderam boas risada de tudo o que aconteceu”. Ao meu ver, uma forma muito bem bolada de quebrar o gelo.
E, assim, o espetáculo se segue. Foi impressionante ver, que mesmo que todas as coreografias tinham surgido através de experiências que os bailarinos vivenciaram durante um ano, era possível sentir que existia uma vivência real