Resenha crítica - Em Defesa das Cotas
Wilson da Silva estuda na Universidade de São Paulo (USP) desde 1985. É formado em História, mestre em cinema e, atualmente, faz doutorado na mesma área.
Resenhado por: Valéria Cardoso
O texto de Wilson da silva, Em Defesa das Cotas, ele relata os motivos pelos quais defende a política de cotas para os negros em universidades, no serviço público e até na publicidade, e expõe sua opinião em relação a esse fato tão discutido nos tempos de hoje.
Negro. Uma exceção às regras perversas que regem a vida de negros e negras neste país. Praticamente o único estudante negro nas salas de aula, nunca teve um professor negro e ainda cruzava com centenas de negros limpando as salas, cuidando de jardins da universidade, servindo café e atuando em outros serviços. Essas tarefas relatam o fato de que o Estado e a sociedade no Brasil continuam impedindo que os negros construam uma história diferente, mesmo depois da abolição.
A criação de uma política de cotas para os negros nas universidades, no serviço público e até na publicidade seria a solução para eles conseguirem oportunidades profissionais numa sociedade que os vê como seres inferiores, cidadãos de segunda linha. Ser negro significa ocupar um papel predeterminado na sociedade e quem operou essa discriminação foi o próprio Estado e a sociedade brasileira, por meio de suas instituições ou com o apoio delas.
Assim como foram as políticas estatais que, após a abolição, inviabilizaram toda forma de reparação oficial pelos quase 400 anos de escravidão, jogando milhões de pessoas das senzalas para as ruas, da escravidão para o desemprego ou para as garras de patrões que nunca deixaram de tratá-las como seus “negrinhos” e suas “negrinhas”.
O racismo foi disfarçado em nome de uma falsa democracia racial, cujo único objetivo tem sido procurar conter a revolta de negros tentando fazer crer que aqui não há racismo. Para