Resenha Crítica de Dumont - Hierarquias e Englobamento dos Contrários
O antropólogo francês Louis Dumont traz em duas de suas principais obras (Homo Hierarchicus e Homo Aequalis) uma análise forte e coerente da sociedade indiana, levantando questões importantes em relação a organização holista (hierárquica) do sistema de castas. A partir disto, pensamentos relacionados ao individualismo crescente dentro de sociedades capitalista, entre outros aspectos, são levantados em comparação à organização da sociedade indiana.
O holismo e o individualismo são dois valores opostos que fundamentam a organização de dois tipos de sociedades diferentes. A partir do holismo, notamos a consolidação de uma sociedade que se baseia no sistema de castas. Nessa situação, o que se presa é a ordem dentro da sociedade, o que torna possível notar uma sociedade fundada na relação hierárquica dos indivíduos, ou seja, o homem recebe um caráter coletivo: suas ações (seus deveres) são norteadas pela satisfação das necessidades coletivas, não para sua felicidade particular. Cada um, dentro dessa sociedade, deve fazer sua parte (condizente com sua posição na cadeia hierárquica) para garantir o bem comum. Por outro lado, o individualismo nos permite observar o desenvolvimento da sociedade moderna, como o sistema em que vivemos. Diferente da primeira situação, o que temos agora é uma sociedade fundada no que chamamos de direitos humanos: a liberdade e a igualdade – aspectos tidos como essenciais para a realização pessoal do homem enquanto ser humano. Neste tipo de sociedade, a figura do homem coletivo se desmancha e trabalha-se com a perspectiva de um homem elementar: cada indivíduo representa em sua unidade a humanidade inteira. Assim, vive para se auto-realizar e garantir a satisfação de suas necessidades individuais.
No pósfacio de sua obra “Homo hierarchicus”, Dumont traz um conceito de origem indiana (uma teoria baseada na tal observação do sistema hierárquico) que recebe o nome de “englobamento dos