Resenha: Comunidade e Democracia - A experiência da Itália moderna (Putnam, 1996)
Nesse período, o governo nacional implementou, após intensa e prolongada disputa política que pendeu em favor dos regionalistas, uma reforma institucional que ensejaria a descentralização administrativa por meio da constituição de 15 novos governos regionais, cujas estruturas e mandatos constitucionais se assemelhavam entre si. Outras cinco regiões “especiais”, alvos de movimentos separatistas no final da 2ª Guerra Mundial, já haviam sido criadas antes.
Esse foi o cenário escolhido por Robert D. Putnam para analisar os fatores inerentes à qualidade do desempenho institucional. Questiona o autor “de que modo as instituições formais influenciam a prática da política e do governo? Mudando-se as instituições, mudam-se também as práticas? O desempenho de uma instituição depende do contexto social, econômico e cultural? Se transplantarmos as instituições democráticas, elas se desenvolverão no novo ambiente tal como no antigo? Ou será que a qualidade de uma democracia depende da qualidade de seus cidadãos, e portanto cada povo tem o governo que merece?” (p. 19) Essas e outras questões serão respondidas em um estudo profundo e instigante que demandou duas décadas para conclusão.
Nos anos 70 até o início da última década do século XX, Putnam observou de perto a evolução das instituições regionais. Em suas visitas, chama-lhe atenção as diferenças entre as regiões. Na Emilia-Romagna, ao norte, “o prédio de vidro da sede regional é como entrar numa moderna firma high-tech. Uma recepcionista diligente e cortês encaminha os visitantes à sala