Resenha - COMO FALAM OS BRASILEIROS

A leitura de como falam os brasileiros, por Yonne Leite e Dinah Calou, mostra a comunicação através da linguagem. A partir dela podemos distinguir diferentes indivíduos por local (pais, região, etc.) e grupos de inclusão (sexo, faixa etária, grau de escolaridade e condição socioeconômica). No entanto, as autoras defendem que juízos de valor do ponto de vista linguístico não são justificáveis, já que as diferenças neste campo significam apenas formas de atualização e adaptação de uma faculdade inerente a todo ser humano. Assim, independentemente de suas origens, todos os fenômenos linguísticos são legítimos. Portanto, em nossa variedade linguística, não é possível declarar rica ou pobre determinada linguagem.
O Brasil é um exemplo de país cuja língua padrão é portuguesa. Entretanto, podemos observar, de acordo com as áreas geográficas, alterações na fonética, sintaxe e no léxico das palavras. Essa variação foi explicada por Antônio Houaiss através do processo de colonização, onde a variação linguística ocorreria na dialetação horizontal por influxo indígena e a diferenciação vertical entre a fala do luso e a fala do nascido e criado na terra.
O “mito da homogeneidade” aborda “a unidade na diversidade e a diversidade na unidade” e retira a possibilidade de um quadro linguístico homogêneo, devido às colonizações distintas, à origem desses colonizadores, suas culturas, raças, religiões e dialetos. A língua indígena que predominava sobre o território brasileiro foi mudada após a chegada da Família Real portuguesa. A proteção dessa língua dos povos nativos do território brasileiro, pela constituição de 1988, possibilitou a caracterização de um Brasil multilíngue. Temos, portanto, que a hegemonia, de certa forma imposta sobre a população brasileira, “não dependeu de fatores linguísticos, mas sim históricos”.
No “Assumindo a diversidade”, Antenor Nascentes promove uma divisão “geográfica” através da fonética, fundamentada em seis categorias. Assim, temos o falar