Resenha "coisas ditas" de pierre bourdieu
Resenha sobre "Coisas Ditas" de Pierre Bourdieu
Através do conceito de habitus, que consiste em "...uma gênese social dos esquemas de percepção, pensamento e ação que são constitutivos...(Página 149)" ou então em "...um sistema de esquemas de produção de práticas e [ao mesmo tempo] um sistema de esquemas de percepção e apreciação das práticas.(Página 158)", Bourdieu trata de temas como a formaçãoe a personificação (visto as citações, expostas na página 168, de Luís XIV e Robespierre: "O Estado sou eu" e "Eu sou o povo" respectivamente) de grupos, o senso-comum e o poder simbólico. A pré-seleção e a pré-interpretação do mundo através de uma realidade de vida cotidiana (que caracterizam o senso-comum) é a combição de fatores que faz surgir o objeto de estudo do social scientist, ou seja, o entendimento dessa questão é um dos principais aspectos para se entender o discurso de Bourdieu.
O habitus possui sua raíz no construtivismo, que a grosso modo, tem como função explicar como a inteligência humana se desenvolve partindo do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações mútuas entre o indivíduo e o meio. Ou seja, uma corrente que corresponde perfeitamente a uma ciência que estuda as relações sociais. Com esse plano de fundo, o autor faz uma interessante generalização da ciência social, antropologia, sociologia e história destacando "dois pontos de vista aparentemente incompatíveis": o objetivismo e o subjetivismo. Numa visão particularizada, é possível relacionar ambos aspectos nos trabalhos de Durkheim e Marx, visto que suas metodologias apesar de conduzirem de forma empírica seus estudos, também demonstram a personalidade do autor e suas razões para adotar tal metodologia. É desta forma que se percebe o subjetivismo contido na objetividade durkheiniana e marxista. Pode-se concluir portanto que "as construções das ciências socias são, por assim dizer, construções de segundo grau