Gênero em debate
Diogo da Silva Roiz
Mestre em História pela Universidade Estadual Júlio de Mesquita (Unesp/Franca). Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS/Amambaí). diogosr@uems.br
A história da História Cultural, segundo Peter Burke Diogo da Silva Roiz
BURKE, Peter. O que é história cultural? Tradução de Sérgio Goes de Paula. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005, 191 p.
O historiador francês Pierre Vilar, no início da década de 1970, escreveu um texto que se tornaria clássico, intitulado “História marxista, história em construção”, agrupado na obra coletiva organizada por Pierre Nora e Jacques Le Goff sob o título Fazer História, o qual inspirou o título desta resenha, uma vez que, tal como a história marxista, que nos anos 1970 ainda estava em construção, a Nova História Cultural (NHC), no início do século XXI, segundo o autor do livro em análise, também estaria em processo de (re)construção. Assim, não é nenhuma surpresa constatar que um dos argumentos principais dessa obra de Peter Burke é o de que, nas últimas décadas, os estudos culturais (re)despertaram a atenção de pesquisadores em vários países. Nesse contexto, historiadores que privilegiavam temáticas econômicas e sociais passaram a dar maior atenção às questões culturais. O mesmo tem ocorrido com historiadores dos eventos políticos, que começam a se interessar pelo que é recentemente definido como “ cultura política”. Em meio a isso, se compreende por que, aqui e ali, intelectuais, até então herdeiros do marxismo, vêm se classificando como estudiosos da cultura e se vinculando ao que tem sido definido como a NHC. Esse amplo e diversificado movimento foi, para muitos, proveniente dos cismas causados pelas agitações que assinalaram o “Maio de 1968”, que na França se desdobrou, entre outras coisas, na emergência da História das Mentalidades. A partir dos anos 1980, esta área de estudos foi, por assim