Resenha América Mágica: Quando a Europa da Renascença pensou estar conquistando o Paraíso
No primeiro capítulo do livro América Mágica os descobridores tinham o intuito de desvendar o caminho da Terra Nova das Professias, juntamente com a Igreja católica depois da queda considerável do número de fiéis e perda de grande parte do seu poder.
Ao buscar reconstruir o universo imaginário europeu, foram revisadas questões sobre a situação política, social e religiosa das terras descobertas. O estado e a igreja mantiveram relações estreitas de cumplicidade. Entre situações complexas e ambíguas, se formou o imaginário dessa época. Por um lado o Mercado (guerras, pestes, culpabilidades, pecado) e por outro os descobrimentos, as expansões comerciais, religiosas e marítimas.
A ideologia medieval é fortemente marcada pelo religioso, pelo imaginário. Acontecimentos de Reforma e Contra-reforma, a dilatação do poder papal, a Inquisição foram decisivos e alteraram a configuração do pensamento ocidental.
O descobrimento do Novo Mundo representou uma grande e promissora esperança para a Europa cansada de tantos eventos desastrosos e de grandes consequências. Aos poucos, a América deixaria de ser imaginada como texto mítico para figurar como repositório de possibilidades, enquanto fonte adormecida de esplendores maiores do que os do dourado Oriente narrado por Marco Pólo. Para somente depois ter sua veracidade escancarada para a reinvenção dos modos de saber europeus.
Idéias de milênios baseadas no Livro de Apocalipse alimentaram esta perspectiva de um futuro melhor. A Terra do Paraíso Perdido era o alvo daqueles conquistadores de terras e, também, de almas.