Reprogramação celular
A combinação de técnicas de biologia molecular com reações imunocitoquímicas tem permitido a reprogramação de núcleos de células adultas, e experimentos feitos com esse objetivo empregando extratos citoplasmáticos de óvulos ou de células-tronco embrionárias apresentaram resultados bastante positivos. Por mecanismos ainda não totalmente elucidados, na reprogramação celular uma célula já especializada se torna novamente indiferenciada (pluripotente), abrindo caminho para a obtenção, no futuro, de tecidos com aplicações terapêuticas. A reprogramação de células nervosas para um estado pluripotente é um mecanismo complexo, mas, se dominado, poderá criar meios de reparar traumas no sistema nervoso central e desordens neurológicas degenerativas. Trabalhando com astrócitos, um tipo de célula do tecido nervoso, nosso grupo obteve resultados preliminares promissores com a reprogramação dessas células no Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ.
José Garcia Abreu Departamento de Anatomia, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Karla Loureiro Almeida Programa de Pós-graduação em Ciências Morfológicas, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal do Rio de Janeiro
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M E D I C I N A
Quando os cientistas norte-americanos Robert Briggs (19111983) e Thomas King (1921-2000) realizaram o clássico experimento de transferência nuclear em 1951, eles não imaginavam que iriam revolucionar a manipulação de estruturas celulares e abrir caminho para a clonagem animal. Tal experimento consistiu no transplante de núcleos de células de embriões jovens de rãs no estágio de blástula (fase inicial do desenvolvimento embrionário) (figura 1) para dentro de ovos recém-fecundados e enucleados de rãs, levantando a possibilidade de manipulações funcionais e de análises de alterações no genoma. Antes disso, manipulações de núcleos só haviam sido realizadas com sucesso em