Rendas

ARTIGO Notícia da edição impressa de 18/06/2010
Política de renda para a agricultura familiar
Ivar Pavan
A organização e a mobilização dos agricultores familiares asseguraram a melhoria das condições de produção do meio rural. Crédito para a lavoura, seguro, financiamento para habitação, assistência técnica foram alguns dos avanços conquistados nos últimos 30 anos. É este setor que garante a maior parte dos alimentos, como leite, feijão, carne, arroz, mandioca, entre outros. O último censo agropecuário confirma que 70% da comida é produzida por estas quatro milhões de famílias no País.

No recente encontro latino-americano da FAO, órgão da ONU para a alimentação e a agricultura, a instituição orientou que os países invistam na agricultura familiar como fator essencial à segurança alimentar. Porém, este reconhecimento e a abrangência das políticas públicas são insuficientes para fixar o agricultor na roça com um mínimo de retorno e valorização social e cultural. Atualmente, o valor na venda não cobre os custos de produção. Isto se deve ao alto preço dos insumos, entre eles adubo, calcário, sementes, óleo diesel, e ao baixo preço recebido na comercialização.

Mais de 30% das propriedades da agricultura familiar não têm sucessor. Os jovens não estão mais dispostos a trabalhar de sol a sol, domingos e feriados, na chuva, no frio e no calor, numa atividade penosa e que exige muito esforço físico. E ainda submetida a incertezas, como catástrofes climáticas e a exploração do mercado.
Países desenvolvidos subsidiam a agricultura há décadas pela clareza da sua importância. No Brasil, é preciso urgência em implementar um conjunto de políticas que assegure pagamento justo aos produtos deste segmento. É essencial estabelecer mecanismos de proteção e viabilidade do setor, assumindo que o mercado por si só não resolve. Quem produz deve ganhar por isto, e quem consome deve pagar um preço justo e adequado. O apoio à agricultura familiar é estratégico pelo seu potencial