Religião e Violência contra a Mulher
Florianópolis, de 25 a 28 de agosto de 2008
Religião e violência simbólica contra as mulheres
Haidi Jarschel e Cecília Castillo Nanjarí
Entre Nós – Assessoria, Educação e Pesquisa em Gênero e Raça
Religião; Gênero; Violência
ST 62 – Direitos Humanos, Democracia e Violência
A violência simbólica é sutil e tem força ideológica para firmar valores culturais e morais. A nossa cultura foi fortemente influenciada pela visão cristã do mundo e por conseqüência do papel que mulheres e homens desempenham nela. A experiência religiosa eixo na cultura latinoamericana é a matriz cristã. O encontro dos modelos patriarcais desta religião com a cultura branca colonialista que atravessaram mares e deixaram marcas destrutivas para a vida de culturas autóctones (indígenas e afros) e para as mulheres.
Nas diferentes igrejas que compõem o cenário religioso nacional, as mulheres são sobretudo, servidoras e subordinadas, tendo pouco acesso às esferas de decisão. A idéia de que essa é a
“vontade de Deus” leva à naturalização da violência e dificulta a resistência e a denúncia. O relato a seguir1, exemplifica bem essa situação:
“Filomena tem 24 anos, é branca, estudou até a 6ª série do ensino fundamental, é vendedora de produtos cosméticos por catálogo, freqüenta igreja evangélica, é casada com João há oito meses. Têm uma filha e um filho com cinco e três anos, respectivamente. João tem 29 anos, é moreno, marceneiro, desempregado, evangélico e não é dependente químico. Toda a família é natural da Bahia.
Filomena conviveu com João por oito anos e desde o namoro sofria violência. Casou-se com ele, há oito meses, por imposição da igreja, pois, para freqüentar a igreja não poderia estar numa situação moralmente irregular (sic). Denunciou-o por várias vezes, inclusive na Bahia, por causa das agressões freqüentes. Ele a vigiava constantemente, até mesmo em suas idas ao banheiro. Exigia ter relações sexuais com ela desde a