Religião em schleirmacher
Schleiermacher[1]
Schleiermacher ensina haver no homem um sentimento que o liga a Deus. Trata-se de um senso interior que proclama a sua continuidade com o Espírito do universo. Esse sentimento, ou gefühl, não é uma simples emoção, mas sim o reflexo de que tudo no universo procede de uma só raiz e, nessa raiz, todas as coisas são essencialmente idênticas. O gefühl, segundo Olson, "é a consciência distintamente humana de algo infinito, além do próprio eu, da qual ele depende para tudo." Esse conceito básico é expresso de modo claro no discurso de Schleiermacher sobre a essência da religião: ela [a religião] não pretende, como a metafísica, explicar e determinar o Universo de acordo com sua natureza; ela não pretende aperfeiçoá-lo e consumá-lo, como a moral, a partir da força da liberdade e do arbítrio divino do homem. Sua essência não é pensamento nem ação, senão intuição e sentimento. Ela quer intuir o Universo, quer observá-lo piedosamente em suas próprias manifestações e ações, quer ser impressionada e plenificada, na passividade infantil, por seus influxos imediatos... A religião quer ver no homem, não menos que em todo outro ser particular e finito, o Infinito, seu relevo, sua manifestação... A religião desenvolve toda sua vida também na natureza, porém se trata da natureza infinita do conjunto, do Uno e Todo; o que no centro desta última vale para todo ser individual e, por conseguinte, também o homem, e em cujo âmbito todo o existente, e também o homem, pode desenvolver sua atividade e permanecer nesta eterna fermentação de formas e seres particulares, o que quer a religião intuir e sentir de forma particularizada com tranqüila submissão. Das palavras de Schleiermacher acima citadas, deduz-se, primeiro, que, para o teólogo alemão, a sede da religião é o interior do homem. É no "eu", no íntimo do ser humano, em suas intuições, que se encontram as evidências de uma realidade superior que abrange