Religiao
Pistas para a reflexão:
Esse texto do Evangelho de Marcos é conhecido como o milagre da
“multiplicação” dos pães e peixes. Em nosso imaginário, talvez, vemos cinco pães e dois peixes se tornando em vários outros, “pipocando” dentro de muitos cestos, e
Jesus como um grande mágico que faz essa multiplicação. Se nos atentarmos para a palavra “partilha” ao invés de “multiplicação”, teremos outra dimensão do que
Jesus nos provoca. Partilhar responsabiliza a todos e todas e a centralidade desse texto é a partilha.
Cinco pães e dois peixes é um número simbólico, pois a sua soma é sete, o número da totalidade, da perfeição. Literalmente, não existia somente esses pães e peixes. Todos e todas que estavam lá haviam levado alguma coisa para comer, porém era preciso partilhar o pouco de cada um e cada uma para que todos/as fossem saciados/as. A organização do povo em grupo foi para facilitar a partilha, e tem também a dimensão da libertação – em massa, somos apenas indivíduos sozinhos; em pequenos grupos organizados, temos história e identidade. Unindo todos os grupos, formamos o Povo de Deus.
Cinco pães e dois peixes é a junção de duas dimensões do Projeto: o Pão, como fruto do trabalho humano; e o Peixe, como força da natureza. Ao olhar para o céu e pronunciar a bênção, Jesus reconhece a origem dos mesmos para que não haja alienação e especulação sobre esses dons. Eles são de Deus, e não podem ser tratados conforme o interesse financeiro quer. Para Jesus, há alimento suficiente para todo mundo desde que haja a partilha. Prova de que o povo aceita essa proposta, é quando ele recolhe o que sobra, para que nada seja desperdiçado. O sistema capitalista que vivemos torna esses dons em mercadorias, e automaticamente os concentra nas mãos de uns poucos.
8
Outra questão é que as ações marcam muito mais e deixam as propostas mais claras. Jesus falava em parábolas para o povo compreender melhor, e testemunhava o que