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RISCOS ATUAIS DO FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO
José Lisboa Moreira de Oliveira*
O estudo da religião nas universidades continua existindo, embora não falte quem se pergunte qual o sentido disso. Na Universidade Católica de Brasília (UCB) o estudo científico do fenômeno religioso se dá através da disciplina Antropologia da
Religião e do Centro de Reflexão sobre Ética e Antropologia da Religião (CREAR).
Porém, não têm faltado estudantes e colegas que procuram questionar a finalidade dessa área do conhecimento. É verdade que até universidades públicas como a UnB e a Universidade Federal de Juiz de Fora (MG) investem na pesquisa científica do fenômeno religioso, inclusive com cursos de pós-graduação. Mesmo assim alguns estudantes e professores ainda se perguntam: o que isso tem a ver com a ciência? O que isso tem a ver com tal curso?
Infelizmente ainda somos vítimas da fragmentação da ciência e isso não nos permite buscar um horizonte mais universal do conhecimento. A concepção mercadológica, atualmente vigente, direciona o ensino superior para um conhecimento pragmático, utilitarista e bitolado. Procura-se não o que mais nos humaniza, nos faz solidários e contribui para o desenvolvimento sustentável, mas o que é mais rentável, mais lucrativo. Assim sendo, toda busca de conhecimento que ultrapassa a “mecanização” da aprendizagem é vista como inútil perda de tempo; não ajuda a ganhar dinheiro e a inserir-se no mercado de trabalho, mesmo sendo algo que pode ter um significado profundo para a humanidade.
Porém, os fatos recentes apontam para a importância e a urgência do estudo científico do fenômeno religioso. Não só porque 80% da população do planeta são de pessoas religiosas, como indicou o Atlas das Religiões publicado em 2008, mas porque os acontecimentos indicam o risco do acentuar-se do fundamentalismo religioso. Lembro, por exemplo, o episódio encabeçado pelo pastor Terry Jones, líder da Dove World Outreach Center, em Gainesville, Flórida