Relações Raciais e Ensino Aprendizagem de Matemática

RELAÇÕES RACIAIS E ENSINO APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA

Wanderleya Nara Gonçalves Costa

A ORIGEM E A DINÂMICA DO CURSO
O Brasil construiu, ao longo de sua história, um racismo institucional e uma profunda desigualdade sócio-racial, o que acarretou a exclusão da população negra e indígena do acesso a bens e serviços e um frágil exercício de cidadania. Entretanto, nos últimos anos, ampliaram-se os debates e as ações com vistas a corrigir distorções histórico-estruturais que conduziram a práticas discriminatórias que impedem a realização dos valores da igualdade e da justiça, entre as diversas ações ocorridas nesse sentido, está a aprovação das leis 10.639/03 e 11.645/08.
A Lei 11.645/08

substituiu, complementando, a de número 10.639/03, que

alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB), incluindo no currículo oficial dos estabelecimentos de ensino básico das redes pública e privada a obrigatoriedade do estudo da história e da cultura afro-brasileira. Com essa complementação, tornaram-se também obrigatórias aulas sobre as histórias e as culturas dos povos indígenas (BRASIL, 2008). Não se trata de mais uma disciplina no currículo escolar, mas de uma orientação para que todas as disciplinas que constituem o currículo escolar básico - inclusive a matemática - incorporem a discussão sobre a contribuição dos negros e dos índios à cultura brasileira.
Entretanto, temos observado que os professores de matemática, em grande parte, acreditam que essa lei não lhes diz respeito, ou ainda que não há como agregar tais discussões ao contexto da disciplina que ensinam (COELHO, 2009). Na verdade, percebemos que a implementação da lei 11.645/08, nas escolas, se faz por meio de eventos esparsos, e não como uma postura cotidiana que inclua todas as disciplinas e momentos diversos durante o período letivo. Percebemos ainda que os professores que atuam na educação infantil e nas séries iniciais, e que também ensinam matemática,