Relações internacioanais
ESTADO OLIGÁRQUICO, COERÇÃO E EXCLUSÃO
Carlos Renato Hees1
RESUMO
A marca dos novos países americanos surgidos com o fim do colonialismo hispânico é o estabelecimento do que a historiografia denomina de Estado Oligárquico, dominado por uma elite rural e urbana composta principalmente por grandes proprietários de terra, comerciantes e financistas, que conjugam interesses privados internos e externos na gestão governamental.
O discurso desta elite propugna uma mobilização nacional pelo almejado progresso, mas desenvolve uma política econômica de exclusão social e ataque feroz aos interesses populares manifestos. O presente artigo pretende analisar este contexto americano dos séculos XIX e
XX e contribuir para as reflexões sobre a formação do Estado Nacional na América Latina.
Palavras-chave: Estado Oligárquico – exclusão social – coerção social - liberalismo
A análise da composição da oligarquia latino-americana que vai assumir o controle dos países oriundos dos processos de independência, tem apontado para uma heterogeneidade social, não configurando uma classe social específica. Latifundiários, comerciantes e financistas exerceram um amplo poder derivado de sua condição de proprietários e controladores dos recursos produtivos. A conformação desse agrupamento social como dominante se estabelece e reforça com a inserção das economias do continente no mercado internacional e suas respectivas atribuições como fornecedores de matérias-primas e produtos agrícolas. Para a execução e sucesso dessa relação, os três estratos citados desempenharam papéis indispensáveis formando um conjunto indissociável, abarcando a produção, a circulação e o financiamento.
O exercício da supremacia política, econômica e social por essa oligarquia, consubstanciou-se no controle de todo o aparelho estatal. O resultado foi a organização e funcionamento de um Estado de cunho excludente e coercitivo com a maioria da população, enquanto que privatizado em