Relações de consumo cultural e a diferenciação social
O poder econômico e a dominação cultural
Nesta pesquisa, pretende-se analisar como se dá o acesso à cultura na cidade de São Paulo, intencionando-se elaborar algumas considerações sobre tal universo, além de levantar quais os possíveis empecilhos para que esse acesso seja democrático e viável a todas as classes sociais. Não há a pretensão de incorporar um papel “vanguardista”, que teria como fim estabelecer um arbitrário cultural, determinando o que se entende ou não por verdadeira cultura, mas sim fazer uma crítica à imposição cultural que a elite estabelece às classes baixas, assim, a relação se estabelece por classes dominantes detentora dos meios e classes dominadas. O problema em questão a ser analisado é o estudo do acesso aos programas culturais; como isso se dá e no que implica. Para tanto, estudaremos os hábitos de consumo cultural das elites intelectuais da cidade de São Paulo, e de grupos considerados como a classe baixa da sociedade, estabelecendo um paralelo entre eles, a fim de identificar os empecilhos existentes para uma real democratização da cultura.
A cultura dominante contribui para a integração real da classe dominante (assegurando uma comunicação imediata entre todos os seus membros e distinguindo-os das outras classes); para a integração fictícia da sociedade no seu conjunto, portanto, à desmobilização (falsa consciência) das classes dominadas; para a legitimação da ordem estabelecida por meio do estabelecimento das distinções (hierarquias) e para a legitimação dessas distinções. Este efeito ideológico produ-lo a cultura dominante dissimulando a função de divisão na função de comunicação: a cultura que une (intermediário de comunicação) é também a cultura que separa (instrumento de distinção) e que legitima as distinções compelindo todas as culturas (designadas como subculturas) a definirem-se pela sua distância em relação à cultura dominante.
(BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Bertrand Brasil, 1998:11)
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