Kal marx
Considerando o consumo como o conjunto de processos socioculturais nos quais se realizam a apropriação e os usos dos produtos, este artigo tem por proposta uma análise histórica das principais teorizações sobre esta temática, com destaque às análises que se preocuparam com efeitos de subjetivação advindos da "sociedade de consumo". Apresenta e analisa as primeiras contribuições para esta discussão em Marx e em alguns autores da Escola de Frankfurt; discute os desenvolvimentos teóricos que buscam na Semiologia um apoio para a compreensão do comportamento consumista e finaliza com a apresentação e análise de algumas teorizações que tomaram a temática no contexto da globalização. O artigo conclui destacando a importância da continuidade dos estudos sobre a temática, que considerem as suas múltiplas facetas - econômicas, políticas, históricas, sociais, culturais e psicológicas - e que relevem, no exame empírico, a concreticidade de espaços sociais específicos.
Palavras-chave: Consumo, Subjetividade, Cultura, Globalização.
O estudo do consumo – aqui entendido como "o conjunto de processos socioculturais nos quais se realizam a apropriação e os usos dos produtos" (Canclini, 1999, p. 77) – , da cultura de consumo e até da sociedade de consumo só se tornou uma área conceitual de importância para as ciências sociais e humanas recentemente. As profundas transformações a que assistimos nos últimos anos – as transações de mercado operadas pelas grandes corporações, as novas características de "acumulação flexível do capital" (Harvey, 1994), os meios de comunicação de massa, a propaganda subliminar a nos convencer a incorporar novos conceitos sobre as nossas necessidades, mas também as propensões sociais e psicológicas, como o individualismo e o impulso de realização pessoal por meio da auto-expressão, a busca de segurança e identificações coletivas - todas estas questões, tão presentes no cotidiano global, levaram a que disciplinas sociais e humanas