Relação terapêutica
A maioria daqueles que procuram terapia sente que, de alguma maneira, seu crescimento se deteve. A terapia pode alterar esse estado criando a oportunidade de novas experiências e removendo o obstáculos que o paciente cria para realizar mais plenamente a própria vida. Esses obstáculos se configuram em padrões estruturados de comportamento considerados insatisfatórios no presente. Como tão bem assinala Lowen: (...) O passado de uma pessoa é seu corpo (...) Desde que o corpo com vida inclui a mente, o espírito e a alma, viver a vida do corpo inteiramente significa ser atento, espiritual e nobre [mas] nós não estamos identificados com o nosso corpo; na realidade nós o traímos... (1982: p. 37).
Essa traição ocorre pela forma como usamos, ou não, a nossa energia. A quantidade de energia que um indivíduo possui e a forma como ele a usa determinará e refletirá a sua personalidade que se expressará em suas ações e movimentos. Se sua auto-expressão é livre a sensação será de prazer. Caso contrário, haverá uma retenção da sua expressão que fica registrada, sobretudo, nas tensões musculares.
O terapeuta procura perceber essas tensões e clarear, com a participação do paciente, o seu significado naquela estrutura corporal. Ao aplicar o conceito de unidade no seu cotidiano, ao mesmo tempo que encaminha o seu paciente nessa direção, ele vai delicadamente mostrando as relações entre o corpo e a vida nas suas múltiplas dimensões. Ele combina trabalho com cuidado e compreensão com sentimento, atitudes fundamentais na revisão de padrões já estabelecidos. A primeira função do terapeuta é observar seu paciente com toda a atenção: como organizou sua postura? Qual seu padrão de musculatura? Que partes do seu corpo apresentam uma tendência à flexão ou à extensão? Quais são suas assimetrias mais evidentes? Como se expressa? O que seus gestos dizem? Como respira? Como se locomove? A segunda função é escutar o que o paciente diz e escutar o que diz nas entrelinhas.