Relação entre crenças e comportamentos parentais

Resumo Literário:
A articulação entre a Psicologia e a Antropologia tem sido de interesse de pesquisadores; parte dessa motivação se dá à contribuição da Antropologia, especialmente a área etnográfica, na compreensão dos determinantes simbólicos e culturais (crenças, valores e costumes) no comportamento.
Registros etnográficos apontam que o comportamento parental, aqui definido segundo Elencar (1982, p. 100) como “a forma em que os pais atuam na socialização infantil, suas atitudes diante da agressão e dependência infantil, uso de punição e outras técnicas para ensinar a criança a agir da forma como consideram desejável”, não ocorre ao acaso, mas é precedido por ideias e crenças organizadas, subjacentes ao comportamento diário, sobre a forma de lidar com os filhos (Kobarg, Sachetti, & Vieira, 2006). Consequentemente, as crenças implícitas em todas as decisões que as pessoas tomam ao longo da vida, direcionam, entre outras coisas, a maneira de criar os filhos (Pinker S., 2004).
Em seu livro “A criança na família de na sociedade”, Alencar assinala:
Uma descrição muito interessante da influência das crenças sobre o comportamental parental é apresentada também por Mellatti e Mellati (1979), a partir de observações e registros de comportamento dos índios Marubo, os quais residem no sudoeste da Amazônia. Segundo estes autores, crenças relativas aos cuidados que se devem ter com a criança têm influência no comportamento parental deste grupo bem antes do nascimento do filho. Assim, conforme as crenças predominates, tanto a gestante quanto o genitor não podem comer uma série de alimentos, como mutum, macaco – preto, macaco- barrigudo, jabuti para evitar que a criança tenha febre.” Elencar (1982, p. 21)
Assim, é fundamental que o comportamento seja compreendido dentro da visão teórica que o precede. A influência cultural também se mostra patente pelo fato de que uma pessoa que é criada em determinada sociedade tende a se comportar de acordo com as diretrizes dessa