Relaçoes sindicais
ALGUMAS QUESTÕES DA AGENDA SINDICAL NAS ÚLTIMAS DÉCADAS
CARMEN LUCIA EVANGELHO LOPES Economista, Coordenadora Técnica da Secretaria Nacional de Formação da Força Sindical
Sob a face sedimentada do passado, embaixo de uma face que sugere harmonia, estão contradições enterradas, como se fossem cartuchos de pólvora.
Leandro Konder
A
s greves de maio de 1978 trouxeram à tona os resultados de um lento e sistemático trabalho no interior das fábricas. As manifestações de desagrado com a política salarial, com o clima de repressão vivido e com os limites impostos pela ditadura ultrapassaram as formas de manifestos, de memoriais, de paralisações parciais, adotadas no início da década de 70, empurraram os portões das fábricas e saíram à luz do sol. O movimento grevista iniciado na Saab-Scania, no ABC paulista, se espalhou como um rastilho de pólvora por todo o país, numa tentativa de romper com a situação imposta aos trabalhadores pelo “milagre econômico”: deterioração salarial, obrigatoriedade de horas extras, intensificação do ritmo de trabalho, insegurança no emprego e repressão fabril. As greves aconteceram numa conjuntura em que a legitimidade do regime militar vinha sendo contestada por diferentes setores sociais, que se organizavam na luta por liberdades democráticas e anistia política. O momento era fértil para a construção de uma interpretação histórica que servisse de suporte a uma nova e necessária organização social. Assim, maio de 78 passou a ser referência de um novo período na história do movimento sindical. Nascia a teoria do “novo sindicalismo”, sem “vícios”, “vínculos ou heranças passadas”. Não se questionava se a análise da ação operária a partir de um modelo, qualquer que fosse, de ação política/ideológica/partidária permitiria um entendimento mais detalhado deste movimen-
to. As diferentes correntes ideológicas em voga naquele período defrontavam-se com a possibilidade de se