Relatório I LIt Brasileira
Texto 01 – O que se fala e o que se lê: língua, instrução e leitura, História da vida privada no Brasil, Luis Carlos Villata, 1997.
Pero de Magalhães Gandavo, um dos primeiros cronistas da colonização portuguesa, disse que “os índios do litoral brasileiro não tinham as letras F, L nem R”, justificando a falta de Fé, Lei e Rei e mostrando o ideal português: fazer os índios obedecerem um Rei, difundirem uma Fé e firmando uma Lei. Esse Rei teria interesses materiais ligadas a Metrópole, a Fé portuguesa da Igreja da Contra – Reforma e Leis ligadas a Igreja e ao Estado, proporcionando a Portugal vantagens vindas da Colônia. Como os livros e o ensino eram escassos no Brasil, falavam-se “línguas gerais” de origem indígena e o ensino se dava por um “aprender-fazendo”: vínculos informais onde se contratava um mestre particular para ensinar as diversas habilidades, ofícios e letras iniciais. Voltando para a língua, a imposição do português era uma forma de conservar a relação Colônia – Metrópole, mas por ordem prática e cotidiana as “línguas gerais” eram maioria. No inicio do século XVI, o falar português já índianizado foi ameaçado pela presença de outras línguas européias: o espanhol no extremo Sul, Paraná e São Paulo; o francês e as línguas africanas e o holandês no Nordeste. Existiam perto de 340 línguas indígenas no Brasil, divididas em quarto troncos lingüísticos: aruaque, karib, tupi e jê; existiam também os Tapuia, nome genérico dado aos Não – Tupi. Com o passar do tempo, ainda no século XVI, os portugueses, espanhóis e franceses se miscigenaram e índianizaram com os brasis e se adaptaram à sua língua e seus costumes. Os descendentes dos primeiros portugueses vindos pra cá foram fundamentais para a solidificação do domínio da Coroa perante o Brasil, preservando e expandindo nossa terra. Já os espanhóis se enturmaram com os Guarani (Sul) e tiveram relações com as mulheres índias de lá, criando uma população bilíngüe – “língua geral