Relativismo e Etnocentrismo
Os antropólogos consideram aceitável a definição de etnocentrismo como sendo um preconceito que cada sociedade ou cada cultura produz ao incutir em seus membros normas e valores peculiares, de tal sorte que se sua maneira de proceder é a certa, então as outras estão erradas. As outras culturas são “aberrações”. O etnocentrismo valora os outros povos pelos padrões da sua própria cultura, tida como “certa”.
Nesse sentido, através do etnocentrismo considera-se, por exemplo, “demônios” os “deuses” de outras culturas. A “moral” de outro povo é tida como “perversão”.
Manifestação marcante do etnocentrismo é o discurso dos dominadores para fundamentar a dominação de outro povo. O sentimento de superioridade do grupo dominante faz crer que os dominados são sub-humanos, seres de segunda mão.
Imperioso ressaltar, ainda, a negação do “outro”. Nega-se o “diferente” por senti-lo como ameaça a própria maneira se der. Parte-se, inclusive, para a eliminação física do “outro”. Exemplo disso é a tentativa de Slobodan Milosevic de eliminação dos bósnios e kosovares, no século XX. Contudo, a eliminação física não esgota a negação do “outro”. Há também, a redução do diferente à imagem e semelhança do “dominador”. Foi o que aconteceu com os europeus colonizadores dos indígenas na América durantes os séculos XV, XVI e XVII. Por fim, cita-se a negação do “outro” é conservando a alteridade do “diferente”, mas fazendo isso com o pretexto de oprimi-lo. Aqui, a diferença é tida como degeneração da condição humana ideal, por isso o “outro” é tido como pior e merece um status de inferioridade. Exemplifica-se com a escravidão, redução a objeto e não sujeito da história.
Uma análise histórica mostra que o preconceito etnocentrista chega ao ponto de produzir ideologias que justificam a negação do “outro”. São instrumentos intelectuais a serviço da dominação.
Na época dos descobrimentos, exaltava-se o cristianismo, o qual tinha a missão de expandir a fé e o império. Os