REIS, João José e SILVA, Eduardo. Negociação e Conflito: A resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1898.
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Em 1820, a Revolução Liberal do Porto ajudou a estabelecer as cortes e a monarquia constitucional portuguesa em terras brasileiras. Os colonos tinham a expectativa de que a periferia chegasse a alcançar algum tipo de autonomia, tendo, em 15 de fevereiro de 1822, findado tal ilusão vivida pelos baianos. O partido português, formado por homens controlavam o comércio da província, o partido brasileiro que estava integrado a parte dos militares, a população menos abastada dos meios urbanos, os proprietários médios, e a alta elite formada pelos senhores de engenho endividados e alguns grandes comerciantes da Bahia, e por último os escravos que estavam inseridos em um terceiro partido, o partido negro, foram os protagonistas deste momento no processo da história do Brasil. Era grande temor que, seguindo o fluxo de tais aspirações políticas e representações para cada um dos membros da sociedade, a independência pudesse alcançar um movimento grande demais para ser controlado, levando os escravos para fora das senzalas, afim de darem a si mesmos a liberdade. A linguagem racial era um dispositivo de combate e controle para os portugueses. Os baianos eram chamados cabras, o que fazia com que os brancos se sentissem ofendidos, sendo tratados na mesma condição de mestiços, pelos brancos portugueses. Nessas condições, o branco europeu, português, colocava-se em um patamar acima do branco brasileiro, neste caso, do branco baiano, criando sempre uma barreira para impedir a igualdade entre os mesmos, ainda que os brancos brasileiros se encontrassem me melhor condição financeira. A separação social e racial acabou por despertar o desgosto da população livre negra e mestiça, que constituía a maior parte da população baiana. O ódio direcionado aos portugueses pela população baiana se dava pelas práticas de monopólio do comércio, venda e especulação de preço de produtos básicos, além das questões sociais em si. Juntos, eles formaram “as tropas de cor”, levando muitos escravos a