Reificação e Karl Marx
Reificação (em alemão: Verdinglichung, literalmente: "transformar uma idéia em uma coisa" (do latim res: "coisa"; ou Versachlichung, literalmente "objetificação") é uma operação mental que consiste em transformar conceitos abstratos em realidades concretas ou objetos. No marxismo, o conceito designa uma forma particular de alienação, característica do modo de produção capitalista. Implica a coisificação das relações sociais, de modo que a sua natureza é expressa através de relações entre objetos de troca (ver fetichismo da mercadoria). O conceito foi desenvolvido por Lukács e trabalhado também pelos integrantes da Escola de Frankfurt.
A reificação configura-se como o processo pela qual, nas sociedades industriais, o valor (do que quer que seja: pessoas, relações inter-humanas, objetos, instituições) vem apresentar-se à consciência dos homens como valor sobretudo econômico, valor de troca: tudo passa a contar, primariamente, como mercadoria. (...) O trabalho reificado não aparece por suas qualidades, trabalho concreto, mas como trabalho abstrato, trabalho para ser vendido. A sociedade que vive à custa desse mecanismo produz e reproduz, perpetua e apresenta relações sociais como relações entre coisas. O homem fica apagado, é mantido à sombra. Todo o tempo, fica prejudicada a consciência de que a relação entre mercadorias (e a relação entre cargos) é, antes de tudo, uma relação que prevalece sobre a relação entre pessoas”.
Na Sociologia, uma das acepções mais vulgares da noção de reificação prende-se com a chamada reificação dos conceitos. Trata-se de um risco e de um abuso frequente, que consiste, por um lado, em autonomizar os conceitos e, por outro, tomá-los pela própria realidade a que se referem.
Reificação (do latim res: coisa) é, porém, um conceito bastante mais abrangente. Marx prefigura-o no primeiro capítulo de O Capital, a propósito do "feiticismo da mercadoria", e Simmel utiliza-o abundantemente na Filosofia do dinheiro. Para estes autores,