rei divino
O rei divino: práticas, rituais e representações no Egito faraônico
Aline Fernandes de Sousa 1
Resumo
Este artigo tem por objetivo analisar a figura dual do monarca no Egito faraônico, procurando observar como a parcela humana e a divina eram trabalhadas nas representações. A idéia de uma conexão do faraó com o divino era de extrema importância para a consolidação do poder real, já que a monarquia era encarada como um pilar da organização social. Assim, algumas das estratégias utilizadas para uma constante legitimação do rei egípcio também serão tratadas no presente trabalho.
Palavras-chave: Egito, poder, realeza
Abstract
The article’s aim is to study the Egyptian kingship and the role of pharaoh in the society.
Key-words: Egypt, Power, kingship
Introdução
O mundo contemporâneo, com sua tendência a uma constante categorização das coisas, observa com encantamento as estruturas de pensamento das sociedades antigas, principalmente a capacidade de não separarem a realidade em categorias estanques. Nessas civilizações mitos, rituais e práticas religiosas perpassavam assuntos que hoje são considerados laicos, como política, distribuição da produção e divisão social. O conteúdo exótico é ainda mais fascinante quando o objeto de apreciação é o Egito Antigo, terra conhecida por suas múmias, riquezas e governantes emblemáticos. A idéia de um rei cuja divindade era considerada a tal ponto que resultava na construção de monumentos grandiosos por seus súditos, como as pirâmides, estimulou a imaginação dos homens desde que os artefatos egípcios tornaram-se alvos da cobiça e do interesse nos tempos de Napoleão.
Entretanto, a vulgar categorização do faraó como um deus na terra negligencia a inerente mortalidade dessa figura que, apesar de ser objeto de culto e adoração, não podia vencer a
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*Mestranda em História Social PPGH-UFF, bolsista CNPq.
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ANPUH – XXV SIMPÓSIO