Reflexões sobre consumo e propaganda no mundo infantil
Reflexões sobre consumo e propaganda no mundo infantil
MACHADO, Priscila Evely Marinho1; MENASCHE, Renata
Universidade Federal de Pelotas - priscilaevely@gmail.com
O consumo age como estruturador de valores, construtor de identidades e regulador de relações sociais. É uma forma de expressão da cultura. Neste trabalho, procuramos analisar, a partir do estudo da propaganda, como sua mensagem é entendida e classificada no cotidiano infantil. Isso foi realizado a partir da leitura de desenhos – cuja produção foi estimulada por comercial televisivo de uma marca de sucos em pó – feitos por crianças de 7 a 9 anos de uma escola pública de bairro popular da cidade de Pelotas. A publicidade é instância que comunica à sociedade códigos, que permitem a definição de produtos e serviços como necessidades, isso em um mundo em que produtos são sentimentos e a morte não existe e em que o cotidiano se forma em pequenos quadros de felicidade absoluta e impossível: um mundo nem enganoso nem verdadeiro, porque seu registro é o da mágica (ROCHA, 2004). O discurso publicitário fala de uma ideologia, que hierarquiza e classifica produtos e grupos sociais. Nesse quadro, as crianças não são apenas produzidas pela cultura, mas também produtoras de cultura. Elas elaboram sentido para o mundo e esses sentidos não se confundem com as elaborações dos adultos. Na análise dos desenhos, pudemos notar que o que chama atenção das crianças são atos reconhecidos como um mundo feliz de brincadeiras, proporcionado pelos copos de suco. Segundo Piaget (1975), ao interpretarmos os desenhos, deve-se levar em conta o contexto em que foi elaborado. Assim, no contexto do grupo estudado, aquele seria o mundo idealizado pelas crianças. A propaganda, neste caso, propõe estilo de vida: mesmo que em suas falas as crianças concordem que o que passa nas propagandas não é “verdadeiro”, as mensagens absorvidas influenciam seu