Reflexões acerca do que é a ciência e suas possibilidades de existência.
A ciência é o conhecimento que vai além do senso comum, possui um alcance mais profundo e especializado, podendo até ser encarado como uma espécie de conhecimento que “não é para qualquer um”. A ciência trabalha com conceitos, e estes, buscam serem universais; entendíveis na medida em que qualquer pessoa que estude o assunto, que esteja familiarizado com as regras do jogo do respectivo campo, possa compreendê-los minimamente. Não quero aqui desmerecer o conhecimento assim chamado de senso-comum, este possui o seu valor e sua lógica próprios, poderíamos dizer até que esta forma de conhecimento seria mais permanente (na falta de um termo que se encaixe melhor) digo isso por conta da principal característica do conhecimento científico que é a da Falseabilidade. A ideia dos conceitos científicos é abordada por Émile Durkheim – em As formas elementares da vida religiosa
(1912) – de forma bem interessante, diz o autor que não bastam aos conceitos serem “verdadeiros” para serem aceitos, é necessário que haja consenso para isso. O autor fala em “fé na ciência” e que esta “fé” tem como base a opinião social: O valor que atribuímos à ciência depende, em suma, da ideia que temos, coletivamente, da sua natureza e do papel que deve exercer na vida; isto é: ela exprime um estado de opinião. Com efeito, tudo na vida social, inclusive a ciência, repousa sobre a opinião (...) ... mas a ciência continua a depender da opinião, no momento em que parece transformá-la em lei; pois é da opinião que extrai a força necessária para agir sobre a opinião. (DURKHEIM, 2003, p.407)
O conhecimento científico só o é se a todo o momento ele está passível de ser testado, provado, superado. A ciência é – e verdadeiramente só pode ser – provisória. Não lidamos aqui com UMA “verdade”, mas sim com verdades. Aprendemos que não existe uma verdade absoluta, engessada e imutável, as verdades científicas