Reflexão
AULA DE PORTUGUÊS
A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
( ANDRADE, C. Drummond de, Boitempo II. Rio de Janeiro: Record, 1999)
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1- o poema que você acabou de ler, fala-nos de língua e linguagem:
“A linguagem / na ponta da língua, / [...] / Já esqueci a língua em que comia…”
Esses dois termos são sinônimos?
2- A expressão “na ponta da língua” é denotativa ou conotativa? Explique.
3- Apesar do paralelismo entre a primeira e a segunda estrofe (ambas se iniciam de forma semelhante: “a linguagem / na ponta da língua” e “a linguagem na superfície estrelada”), elas se opõem. Explique essa oposição.
4- No poema, o falante revela uma relação ambígua com a língua que fala, o português, chegando mesmo a afirmar que “o português são dois…”, explique em que consiste essa ambiguidade e quais são esses dois “português”.
5- O autor escolheu o adjetivo esquipáticas, que significa “esquisitas”, para caracterizar as figuras de gramática. Por que ele teria preferido esquipáticas a esquisitas?
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Gabarito
* Por ser o objetivo do texto a reflexão, as respostas dadas são objetivas.
1- Linguagem é todo sistema de sinais convencionais que permite atos de comunicação. Língua é a linguagem que utiliza palavras como sinal de comunicação.
2- Conotativa.
3- Na primeira estrofe, linguagem representa a língua falada e coloquial; na segunda, a