Reflexão sobre Primeiro Setor, Segundo Setor e Terceiro Setor.
Assistimos na última década a um esforço crescente dos pesquisadores em mapear a problemática da profissão docente. Em comum, existe a percepção de que o trabalho do professor se caracteriza hoje pela intensificação e complexificação do próprio trabalho. Não se trata apenas de aumento de tempo do trabalho, mas também da ampliação das tarefas a que os professores são chamados a desempenhar, seja pelas mudanças na composição social do público escolar, seja pela implementação de reformas educacionais com visíveis impactos no cotidiano do trabalho em sala de aula. Se tomarmos especificamente, por exemplo, o tempo de trabalho, a literatura internacional vem chamando a atenção para a ampliação do número de horas comparativamente a outras categorias profissionais em função da diversificação das atividades dos professores. Em pesquisas realizadas no Canadá, estima-se que o tempo varie em torno de trinta e sete a quarenta horas semanais, sendo vinte e sete obrigatoriamente na escola e cinco a oito horas usadas em casa com tarefas de planejamento e correção das tarefas. O tempo que resta é ocupado com reuniões com pais, atividades de formação. Apesar da dificuldade de estimar e comparar o tempo de trabalho dos professores de um país para o outro, do ponto de vista do estatutariamente prescrito e do tempo de trabalho real, os pesquisadores convergem na imagem de que o tempo da atividade do ensino é dual e marcado por ritmos diferentes, se cotejado com outros profissionais do setor público. Em revisão da literatura produzida sobre a profissão docente na França e na Europa, a análise efetuada aponta para o fato de que o trabalho do professor tem se modificado em termos do conteúdo e da autonomia profissional, em função da avaliação dos sistemas escolares e da política de responsabilização, a centralização do currículo, a instauração de mecanismos de quase-mercado e a avaliação