Análise da obra: a busca de um caminho para o brasil: a trilha do círculo vicioso (santos, h., 2011)
Desmistificando o “terceiro setor”
Joana Coutinho∗∗
Nos dias atuais é de suma importância a discussão do papel desempenhado pelas Organizações Não-Governamentais – ONGs, Fundações, Associações etc., que compõem o chamado “terceiro setor”. Em primeiro lugar, porque é necessário explicitar o que vem a ser este setor, o que tem de diferente ou de especial para ser designado desta forma. Ainda imperam muitas imprecisões nas tentativas de definições do termo. Em segundo lugar, porque essa é uma discussão que não deve ficar apenas na seara dos defensores do "terceiro setor", dentro e fora dos meios acadêmicos, mas deve ser assumida como objeto de investigação pelos intelectuais comprometidos com uma análise crítica. A denominação “terceiro setor” se explicaria, para diferenciá-lo do Estado (Primeiro Setor) e do setor privado (Segundo Setor). Ambos não estariam conseguindo responder às demandas sociais: o primeiro, pela ineficiência; o segundo, porque faz parte da sua natureza visar o lucro. Essa lacuna seria assim ocupada por um “terceiro setor” supostamente acima da sagacidade do setor privado e da incompetência e ineficiência do Estado. É comum na literatura sobre o tema classificá-lo como “sem fins lucrativos”1 . Nesta linha de raciocínio, permanece sem questionamento o fato das fundações empresariais, que financiam direta ou indiretamente algumas ONGs, fazerem uma atuação “direta” em uma determinada “comunidade”, geralmente no mesmo espaço geográfico onde estão instaladas suas fábricas; e, não se envergonharem de pagarem baixos salários para os seus funcionários ou até mesmo em demiti-los.
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Editora Cortez, São Paulo, 2002. Doutoranda em Ciências Sociais pela PUC-SP e membro do NEILS. Ver entre outros, FERNANDES, Rubens César (1994).Privado porém público: o terceiro setor na América Latina. Rio de Janeiro: Relume-Dumará; COELHO, Simone de Castro T.