Reflexoes sobre o fordismo e o pos-fordismo
Prof. Dr. Eduardo Pinto e Silva
Departamento de Educação da UFSCAR
Introdução: Em relação à questão da formação humana, compreendemos ser importante explicitar, de forma objetiva, alguns pressupostos teóricos que norteiam as análises do presente trabalho. A formação humana, segundo a perspectiva marxista, se dá em determinadas condições históricas nas quais se verificam inevitáveis contradições e uma unidade dialética entre as esferas do em-si e do para-si, da cotidianidade e não-cotidianidade (DUARTE, 2004a; HELLER, 1972). Tal unidade dialética configura-se como um processo homogêneo de particularidades heterogêneas (DUARTE, 2004a; 2001; LESSA, 2002). A formação humana se constitui e se reproduz nas relações sociais e, portanto, em processos dialéticos de apropriação e de objetivação que envolvem inúmeras mediações: institucionais, econômicas, organizacionais, culturais e subjetivas. A reprodução social não se limita à mera repetição da objetividade institucional e socialmente posta. Pelo contrário, a reprodução social, mesmo aquela na qual predomina a esfera do em-si, é também reprodução das contradições, uma vez que a realidade social, humana e, sublinhamos, subjetiva, não corresponde a um tipo puro (fazemos aqui alusão a Weber), mas sim a uma totalidade concreta, múltipla e mutável. Se a dimensão econômica impõe delimitações ao alargamento das possibilidades históricas e da suspensão da vida cotidiana, a historicidade da formação humana e a potencialidade da dimensão subjetiva, por contrapartida, delimitam também aquela, ainda que não igualmente (LESSA, 2002). A formação humana se dá na prática social. A protoforma da prática social é dada pela realidade ontológica do trabalho (LESSA, 2002). A visão marxista aponta que o trabalho é, potencialmente, tanto prática alienante como prática humanizadora, ou melhor, prática social histórica e contraditória. Assim, a formação humana,