reflexoes do poeta

1746 palavras 7 páginas
Canto VI (página 62)
Acontecimento motivador: após Vénus ter acalmado os ventos que deram origem à tempestade desencadeada por Neptuno, a pedido de Baco, a armada portuguesa, guiada pelo piloto melindano, avista Calecut e Vasco da Gama agradece a Deus pela protecção recebida.
Nos quatro versos iniciais da estância 95, o poeta refere, genericamente, como se alcança a imortalidade (“honras imortais”) e as maiores distinções – a fama e a glória: através da coragem, da capacidade de luta e sofrimento demonstradas em situações de perigo, como fica visível nas seguintes expressões textuais: “hórridos perigos” e “trabalhos graves e temores”.
Nestes versos, há a realçar a adjetivação, que, por um lado, intensifica a dureza e a amplitude (“hórridos” e “grandes”) das dificuldades a que se sujeitam todos aqueles que, como os portugueses, desejam cometer grandes feitos, e, por outro, reforça o valor das recompensas (“imortais” e “maiores”) que, desse modo, atingem.
Entre o verso 5 da estância 95 e o verso 4 da estância 98 são identificados os obstáculos à obtenção da fama e da glória, isto é, o poeta põe em evidência aquilo que não são os meios de as atingir (logo atos a evitar):
a) Viver à custa do que os antepassados conseguiram (= a glória não é herdada dos antepassados) ‑ 95, 5-6;
b) Viver rodeado de conforto (95, 7);
c) Viver rodeado de luxo e de requintes supérfluos (95, 8);
d) Os “manjares novos e esquisitos” (96, 1);
e) Os passeios ociosos (96, 2);
f) Os deleites / prazeres (96, 3) que efeminam, isto é, enfraquecem, os fidalgos;
g) Viver para saciar os apetites / caprichos insaciáveis;
h) Ficar indiferente face a uma “obra heroica de virtude”.
Recurso à enumeração e à anáfora na estância 96: o poeta enumera diferentes caminhos que não conduzem à verdadeira glória; através da repetição anafórica, reitera a ideia de que esses caminhos devem ser postos de lado.
A partir do verso 1 da estância 97, introduzido pela conjunção coordenativa adversativa «mas»,

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