Reflexao sobre etica
U MA
CIDADANIA
ÉTICA PARA O CORPO
E EDUCAÇÃO TRANSFORMADORA
Danilo Di Manno de Almeida
E
xistiria alguma relação entre as extintas disciplinas
Estudos dos Problemas Brasileiros (EPB),
Educação Moral e Cívica (EMC) ou mesmo Organização Social e Política do Brasil (OSPB) e a mais recente Ética e Cidadania (EC)? Esta pergunta é importante porque devemos estar sempre atentos às metamorfoses do poder político e das políticas educacionais que o seguem. Há simples continuidade entre Ética e Cidadania e OSPB/EMC ou trata-se aí de ruptura? Se a alternativa é ruptura, a questão é: que grau de ruptura?
Quero arriscar duas hipóteses. Em primeiro lugar, que a disciplina EC traz nela, simultaneamente, a continuidade e a ruptura com EPB e EMC e, em segundo lugar, que tanto a idéia de continuísmo como a de ruptura com os ideais das extintas disciplinas não poderão ser encontradas na simples nomenclatura do novo título, mas em decisões ético-políticas que antecedem a decisão de mudar o título e que acompanham a execução da disciplina.
Inicialmente, sabemos que há argumentos para as duas possibilidades. Quanto ao continuísmo, há, sem dúvida, uma
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CORPO
EM ÉTICA : PERSPECTIVAS DE UMA EDUCAÇÃO CIDADÃ
expectativa de que EC tenha os mesmos efeitos que OSPB e EMC, quer dizer, desmobilizar politicamente os que se ocupam dos assuntos (instituições, docentes e alunos), por meio de longas e complicadas discussões éticas (veremos mais à frente que o mais apropriado seria dizer discussões moralizantes).
Quanto ao argumento da ruptura, é preciso render tributo às lutas empreendidas pelos movimentos políticos (de trabalhadores, sem-terra, lideranças intelectuais e políticas, artistas, para citar alguns), pois a disciplina EC traz as marcas de significativas conquistas ético-políticas e educacionais. Neste caso, a memória da pressão que essas manifestações e práticas exerceram e continuam a exercer sobre os poderes e as ideologias