Refletindo sobre o desemprego e o agravo da saúde mental
RESUMO
O presente artigo visa contribuir para a discussão das relações entre desemprego e saúde mental. Frente a isso, pauta-se nos principais constructos teóricos sobre a temática visando traçar um panorama atual das relações entre desemprego e agravos à saúde mental. Denota-se a escassez de produções nacionais que se proponham averiguar os impactos do desemprego na saúde mental, evidenciando um amplo e desafiador terreno a ser estudado. Enfatiza-se, dessa forma, a emergente necessidade dos profissionais de saúde de intervir na saúde mental daquele que está desprovido de trabalho e de reconhecimento social.
Palavras-chave: Trabalho, Desemprego, Saúde mental, Sofrimento.
.
O mundo do trabalho e o “mundo sem trabalho”
O desemprego é na contemporaneidade um dos assuntos mais preocupantes, visto que se evidencia como um fenômeno mundial. Apesar de relevante, a relação entre desemprego e saúde mental tem sido ainda insuficientemente estudada. Diante disso, o artigo propõe-se a contribuir na discussão dessa temática ressaltando um olhar profundo ao trabalhador que se encontra em situação de desemprego. Para tanto, iniciaremos focando as transformações ocorridas no mundo do trabalho e suas repercussões na problemática do desemprego e saúde.
À luz dos estudos engendrados no campo da psicologia do trabalho existem tradicionais referências (Chanlat 1993; Codo 2000; Dejours 1999) nas quais expressam ênfase maior as questões do trabalho, sofrimento psíquico e a figura do trabalhador. Aos conteúdos atrelados às questões da subjetividade, da saúde mental, da identidade e do trabalho, os estudos demonstram questões específicas do sujeito trabalhador com sua subjetividade nos processos de trabalho (Fonseca, 2000; Nardi, 1999; Tittoni, 1994). No entanto, para o fenômeno do desemprego não existem variadas referências que se proponham a estudar especificamente - até mesmo de forma longitudinal - a problemática.