Reestruturação capitalista
No final dos anos 1960 e início dos anos 1970 houve, portanto, um esgotamento da capacidade de aumentar a produtividade com a base técnica do fordismo: tornou-se incompatível assegurar aumento da acumulação com aumentos salariais e bens sociais. Instaurou-se, então, a famosa crise dos anos 1970 com algumas características marcantes e resoluções práticas que foram, efetivamente, tomadas no sentido de tentar resolver os problemas advindos da crise.
Na produção verificou-se a resistência dos trabalhadores ao trabalho na linha de montagem, o chamado esgotamento do modelo fordista. A monotonia e a alienação do trabalho expressaram-se no absenteísmo, na displicência, nas
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Kelen Christina Leite
Estud. sociol., Araraquara, v.16, n.31, p.421-446, 2011 paradas de produção, no trabalho mal feito, nas peças defeituosas e no desperdício, elevando o custo da produção. Na tentativa de solução, as empresas buscaram melhores condições de exploração das oportunidades organizacionais e tecnológicas, oferecidas pelo avanço da automação baseada na microeletrônica, e pelos novos modos de “produção fl exível”. Houve também todo o movimento de enriquecimento das tarefas e dos grupos de trabalho semi-autônomos. O que, na prática, signifi cou uma intensifi cação do trabalho.
A internacionalização da produção foi, por exemplo, uma das respostas do capital à crise do modelo de acumulação fordista frente à força de resistência do movimento operário. A internacionalização signifi cou a transferência de postos de trabalho de áreas com movimento operário forte para áreas com movimentos inexpressivos. Este fato ocorreu, também, dentro de um mesmo país quando indústrias instaladas em grandes centros transferiram-se para regiões onde o movimento operário é menos articulado e organizado, processo esse ainda mais intensifi cado pela guerra fi scal entre os países ou entre Estados de um mesmo país como a que se assistiu no