Reestruturação capitalista
1.A reestruturação capitalista e a crise dos estados nacionais.
1.1 A formação do Estado e a revolução burguesa no Brasil
O Brasil conformou-se como Estado territorial, entre 1808 e 1848, nos desdobramentos e pelo influxo da revolução burguesa original do núcleo do Ocidente, num processo de transferência e interiorização do poder político colonial. Não se deve entender, porém, que ocorria uma revolução burguesa também no Brasil, mas apenas que a inserção dessa vasta região mudava de forma no mercado mundial do capital chegado a um novo estágio.
O Estado territorial brasileiro passava a ser um espaço de acumulação do capital agro-mercantil, mas sua forma social mantinha-se compósita, apesar do monopólio da terra representar uma marca distintiva do conjunto. As regiões escravistas tinham por característica um avanço maior das forças produtivas e um vínculo direto com o mercado mundial. Nas vastas e diversificadas zonas do interior prevalecia a condição feudal originada tanto da colonização jesuítica, que utilizou força de trabalho indígena, e da economia pastoril, como das regiões de declínio do escravismo. Não podendo ser esquecido ainda o fato de sociedades tribais sobreviverem em largas faixas do território brasileiro.
As múltiplas determinações que deram origem ao Estado brasileiro condicionaram também sua forma jurídico-política. Como Estado territorial que visava preservar os interesses dos grandes proprietários de terra e escravos e que teve um vínculo de origem com a contra-revolução européia, o Brasil assumiu aspectos de uma monarquia absolutista. Mas como não poderia passar imune ao influxo da revolução burguesa, o Brasil também copiou mimeticamente algumas das instituições liberais inglesas. A