Redes Antissociais
Os seres humanos são, por definição, criaturas sociáveis que apreciam interagir com outros de sua espécie. Tem sido assim por milhares de anos. Desde os tempos em que vivíamos em cavernas escuras e fétidas, os agrupamentos humanos e a socialização proporcionada por eles nos ajudou enormemente a sobreviver num mundo povoado por predadores.
Naquela época, assim como por séculos à frente, a interação se dava através dos grunhidos e da fala e do contato corporal, que podia acontecer por meio de agressões, abraços, afagos ou ainda do sexo. E foram justamente essas diferentes manifestações da comunicação que nos tornaram o que somos: humanos. Nos dias atuais, a tecnologia da comunicação virtual e todos os avanços por ela proporcionados está nos encaminhando para um processo inverso ao primeiro. Pouco a pouco, estamos nos desumanizando.
Isoladas no conforto e segurança enganosos de suas casas, as pessoas se comunicam à distância com centenas, talvez milhares de "amigos", sem nunca de fato encontrá-los, sem saber como são seus olhares, seus sorrisos, seus cheiros e abraços. Ainda mais estranho, conversam animadamente no chat, trocam amabilidades e elogios, porém no dia seguinte ao se cruzarem na calçada da rua, ignoram-se mutuamente. Combinam um happy hour que nada tem de happy: na pizzaria ficam reunidos em volta de uma mesa, batendo papo pelo celular. Ninguém se toca, ninguém vê um sorriso ou olhar. Todos estão vidrados nas telinhas luminosas como mariposas em volta de lâmpadas acesas.
Já não há mais carinho, calor, sinceridade ou intensidade nas relações humanas. Tudo é frio, distante e efêmero. O "amor pra vida toda" que teve início hoje durará quando muito até a próxima semana. Logo será parte do passado, substituído por outro também passageiro. Da mesma forma e facilidade com que nos amarramos a alguém, também nos desamarramos. Já não há mais curiosidade nem espera, já não há mais amor. As palavras de carinho, as mensagens de saudade e o